Para começar este memorial, quero começar com uma introdução muito especial, escrita por um dos maiores Educadores do nosso país contemporâneo.
Até agora eu o ensinei a marchar. È isto que me ensina nas escolas. Caminhar com passos firmes. Não saltar nunca sobre o vazio. Nada dizer que não esteja construindo sobre sólidos fundamentos. Mas, com o aprendizado do rigor, você desaprendeu mesmo a arte falar. Na Idade Média (e como a criticamos!) os pensadores só se atreviam a falar se solidamente apoiados nas autoridades. Continuamos a fazer mesmo, embora os textos sagrados sejam outros. Também as escolas e universidades têm os seus papas, seus dogmas, suas ortodoxias. O segredo do sucesso na carreira acadêmica? Jogar bem a boca do forno e aprender a fazer tudo o que seu mestre mandar...
Agora o que desejo é que você aprenda a dançar. Lição de Zaratustra, que dizia que dizia que para se aprender a pensar é preciso primeiro aprender a dançar. Quem dança com as idéias descobre que pensar é alegria. Se pensar lhe dá tristeza é porque você só sabe marchar, como soldados em ordem unida. Saltar sobre o vazio, pular de pico em pico. Não tem da queda. Foi assim que se construiu a ciência: não pela prudência dos que marcham, mas pela ousadia dos que sonham. Todo conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra. Como Mestre só posso então dizer uma coisa: “Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!”
(Ensinar o que não se sabe – Rubem Alves)
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